Morando sozinha: meu castelo
Sim, tomei coragem e parti rumo a um mundo novo. Um mundo onde a gente é mais responsável, mais organizado, mais adulto. Um mundo cheio de descobertas, aprendizado e crescimento. Um mundo onde quem paga as contas é a gente mesmo. Um mundo onde a sala – ainda vazia, é verdade – vai estar cheia com o sofá que eu escolher, a mesa que eu escolher e as coisinhas que eu escolher. E principalmente: um mundo onde as forminhas de gelo não se enchem sozinhas.
E eu, que nunca dei muito valor pras donas-de-casa e pros trabalhos domésticos de modo geral, acabei descobrindo em plena gôndola de produtos de limpeza que existe uma solidariedade meio que secreta entre as donas-de-casa e as empregadas nos supermercados. Sempre olhei pra elas com um certo ar de desdém durante as compras.
Até que precisei de uma delas.
E ela me ajudou – sem rir da minha cara – a comprar o produto ideal pra limpar o chão do meu castelo novo. “Leva esse, minha filha, que tá num preço ótimo. Essa marca é excelente!”.
E a outra que, mesmo com filho de colo, me emprestou a babá dela pra me mostrar que sim, as vassouras são vendidas separadas – o cabo do pompom. E que você tem de enroscar uma na outra. E o melhor: você escolhe a cor que quiser! “Não leva essa não, moça, que tá dando problema pra encaixar aqui, ó, tá vendo?”
Ah, e o Baygon. Essa foi a primeira compra pra casa nova. Vai que aparece uma barata? Vai que aparece um besouro? Vai que aparece um dragão de Komodo? Um Baygon sempre é útil. E ele tá lá, novinho, pertinho da vassoura verde e do produto de limpeza do chão. Só esperando as baratas que vão aparecer. Porque elas aparecem. Não aparecem?