quarta-feira, fevereiro 23

Cale-se, cale-se cale-se!

Eu tenho 1,80m. A minha boca, provavelmente, é quase do meu tamanho. E a minha língua não cabe dentro da minha boca. Com certeza.

Digo isso porque sou a rainha de dar furos e fazer comentários inadequados. Claro que profissionalmente, quando o assunto é sério, eu sei me comportar muito bem. Mas, bastou ter um tiquinho assim de intimidade e pronto! A minha língua grande faz algum comentário. Eu já perdi a conta de quantas vezes já fui cutucada, chutada e beliscada por conta de coisas que falei. E sabe o que é pior?

Depois que você dá o furo, não adianta tentar consertar. A emenda sai muito pior que o soneto.

Vejam ontem, por exemplo. Fui no aniversário de um conhecido. Tudo bem, tudo ótimo. Lá pelas tantas eu comecei a conversar com uma das convidadas que está grávida de oito meses. Ficamos eu, ela e outra conhecida batendo papo. Obviamente falando de parto, de chá de panela, de bebê, de fralda, essas coisas. E eu, que não entendo bulhufas disso, fiquei falando coisas genéricas do tipo: É menino ou menina? Como vai chamar? Nossa, que nome lindo! Esse tipo de coisa que não compromete ninguém.

A futura mãe estava em pânico com o parto. Ficava falando que ainda não tinha pensado nisso, que preferia que fosse cesária, que o bebê estava sentado, que ela acorda não sei quantas vezes de noite para fazer xixi, essas coisas.

Quando eu, na maior ingenuidade, viro e pergunto: Vai ser normal ou cesária? (aqui cabe um parênteses: eu não sei em que parte da minha vida aprendi essa pergunta, porque, sinceramente, para quem está de fora e nunca teve filho, não faz a mínima diferença qual vai ser o tipo do parto. Mesmo porque não vou poder dar conselhos nem dicas importantes para a hora H. Não sei porque fiz essa pergunta. Aliás, não sei porque SEMPRE faço essa pergunta. Toda mulher grávida que aparece, a babaca aqui fala: vai ser normal ou cesária?)

Bom, a futura mãe fala que prefere cesária, porque a cicatriz é externa, é mais fácil de cuidar, blábláblá... Estávamos lá, naquele papo obstétrico, quando eu, sem mais nada para dizer, falo:

Eu tenho uma amiga que fez parto de cócoras. (Mayra, estou falando da Tati!) E ela disse que foi super ótimo. Bem tranqüilo.

Pronto! As duas (a grávida e a conhecida) ficaram prestando atenção em mim e eu repetindo letra por letra do que a Tati tinha me dito sobre o parto dela. De repente, eu me venho com a seguinte pérola:

O único problema é que a placenta ficou grudada, aí a mulher teve de enfiar a mão inteira para tirar. Ela disse que doeu mais do que o parto.

Nessa hora, QUATRO pessoas que estavam na varanda, ouvindo a conversa (e a gente sem nem perceber) falam: Ô Priscilla, isso é coisa que se diga, vai assustar a menina. Ela já está quase para ter o bebê!

Como se não bastasse, a gênia aqui, tentando consertar mais do que tudo a merda que tinha dito, faz o comentário para arrematar:

Não, gente, eu estou falando de um parto de cócoras. Não é o caso dela. Olha, fulana, não foi isso que eu quis dizer, viu? Tenho certeza que o seu parto vai ser muito tranqüilo, nem se preocupe.

Sabe aquela vontade de enfiar a cabeça num buraco e não sair mais? Pois é...

quinta-feira, fevereiro 17

Harmonismo? Ecoísmo? Prima-copulismo? Que que é isso?


Harmonismo é isso aí!

Navegando pela Internet, achei um texto didático, fabuloso, genial e que explica todos os problemas amorosos do mundo! É um texto sobre um livro de uma americana que acredita que as afinidades amorosas podem ser medidas por meio da simetria entre os rostos dos amantes. Ou seja: tudo é uma questão de harmonismo, ecoísmo e prima-copulismo.

Calma, antes de fazer cara de ponto de interrogação, eu vou explicar:

Harmonismo é quando o casal tem a mesma distância entre a testa e a ponta do nariz, ou entre a base do nariz e a boca, ou entre a boca e o queixo. Tipo uma equaçãozinha matemática. Então, meus caros, todo mundo com a régua na mão e vamos medir nossos rostos. O que importa aqui é o tamanho da distância entre nariz, boca e queixo e não o tamanho de outras cositas mas, como muitos podem pensar...

Ecoísmo é quando o encontro provoca um "eco visual". Tipo num espelho, sabe? O rosto de um complementa o rosto do outro. Os rostos têm formatos iguais. Então, em vez de régua, vamos usar um compasso para calcular a circunferência de nossa face...

Prima-copulismo são os laços afetivos. Como assim? Você vai procurar na sua cara-metade o mesmo formato de rosto do seu primeiro amor. Tipo seu pai, sua mãe, sua babá, sua primeira professora. Essas coisas.

Então, meus caros, kit básico para sair na night: régua, compasso e álbum de fotos da infância!

Eu li isso tudo numa matéria infâme. Quer saber mais bizarrices? Vai lá:

http://delas.ig.com.br/materias/239001-239500/239378/239378_1.html


Atentem para o nome da editora do livro.


Como eu sou curiosa, não poderia deixar passar, né? Sim! Eu tirei minhas medidas faciais. Anotem aí:
Distância entre testa e ponta do nariz: 9,5cm
Distância entre base do nariz e boca: 1,5cm
Distância entre boca e queixo: 3cm

Não sei pra quê, mas tudo bem...

Abaixo, mais dois exemplos da descoberta...


O segredo do charuto está desvendado!


Será por isso que ele quis ser o OB dela?

E a Claro, hein gente? Ô empresinha fajuta essa, viu!

quinta-feira, fevereiro 10

Tem ximxim e acarajé...

Sempre achei que o melhor remédio para insônia fosse assistir os desfiles das escolas de samba do Rio e de São Paulo. Pela televisão, é claro. Porque quem está lá deve se divertir à beça. Mas pela telinha é um tédio profundo. Primeiro porque é um bando de gente andando em linha reta durante uma hora (uma hora e meia, sei lá), segundo porque aquilo dura a noite inteira e eu duvideodó bolinha zero ó, que alguém assista aquilo com o máximo de atenção. Acho que nem os jurados prestam atenção mesmo nos 1.389 quesitos super fundamentais que eles têm de analisar. Além disso, os sambas enredos são sempre aquelas coisas inacreditáveis. Aliás, esse assunto merece um parágrafo à parte:

Eu acho que os carnavalescos devem sofrer muito, coitados. Imagina ter de bolar um samba enredo INÉDITO todo ano. Para o tanto de escola de samba que tem, o ineditismo beira a insanidade. Daqui um pouco, vai ter escola de samba falando da extinção das borboletas vermelhas no sul do Zimbábue, ou da reprodução dos cangurus albinos no norte da Austrália. Até para Renato Russo e Chitãozinho e Xororó sobrou este ano. Aqui em Brasília, o autor de João de Santo Cristo foi para o Ceilambódromo (sem comentários...) e, em São Paulo, os pais de Sandy e Júnior (é, eles são pais da dupla sim, tá?) ganharam o segundo lugar!

Bom, mas o mais divertido mesmo é ver a narração do Carnaval. É tudo na vida! Graças a uma dor de garganta monstra, tive de ficar em casa na sexta-feira. E foi ótimo, porque eu tive a oportunidade única de conferir as pérolas que os comentaristas (?) foram obrigados a dizer ao vivo. Simplesmente não consegui tirar os olhos da televisão. Até peguei um papel para anotar tudo, mas, como era muita coisa, anotei só os mais absurdos.

Por exemplo: que porcaria de mania é essa que a Globo tem de colocar medidor de batimentos cardíacos em todo mundo? Eu tô cagando e andando (desculpem a expressão, mas é a única que se encaixa no que eu quero dizer...) para os batimentos cardíacos da rainha da bateria não sei de onde ou da velha guarda não sei de quem. O pior foi ter de ouvir a Renata Ceribelli dizer algo como:

“O mestre Cachorrão está usando um medidor de batimentos cardíacos. Daqui um pouco a gente vai saber como andam as batidas dele”

Nossa, mal pude conter a minha ansiedade em saber a quantas andava o coração do Cachorrão. O pior foi o comentário seguinte.

130! É, tá calmo ainda. Mas vai subir, vai subir!

Pensa que acabou? Não! Aquilo era só o começo. Na falta do que falar, ela me veio com comentários do tipo:

E a escola vem! Olha só que imagem bonita! Colorindo a avenida. A torcida cantando, sambando. É uma festa na avenida paulista!

Corta para a imagem da torcida. Todo mundo com cara de tédio.

Como se não bastasse isso, ainda teve os comentários inteligentes e as perguntas complexas e profundas para a expert em carnaval, Lecy Brandão.

Lecy, esse ano a escola vem com 1.150 integrantes a mais que no ano passado. É um desafio para a evolução?

Lecy, você que acompanha o Carnaval há muito tempo, o que você acha da presença de Paritins no Carnaval de São Paulo e do Rio de Janeiro? Essas alegorias com os animais em movimento?


E por aí foi...


Na segunda-feira, estou eu assistindo um pedacinho do desfile da Sapucaí, quando rola aquela confusão com a Portela. O carro da velha guarda quebrou e o povo não pôde desfilar. Aí, fica aquele drama. Repórter dizendo que os velhinhos estão passando mal, velhinhos dizendo que a segurança agiu com violência, segurança dizendo que está cumprindo ordens do diretor da escola, o diretor da escola dizendo que está preocupado com o desenvolvimento do desfile, e eu lá. Em casa. E o sono batendo. Mas resisti bravamente.

Até a próxima escola.

A Tradição veio com um desfile falando de Hans Christian Andersen e Monteiro Lobato. Eu ali, fazendo um esforço enorme para vencer o sono e entender como seria a coisa quando me vem mais um diálogo inteligente:

- A comissão de frente já está em posição para começar o desfile. Fulano, essa fantasia de patinho feio é muito pesada? Vai dar para fazer o desfile com essa fantasia?
- Não. A fantasia é super leve. Feita de não sei do que lá. E isso não é um patinho feio. Isso é um cisne.

Corta para a cara de bunda do repórter.

Como se não fosse pouco, ainda teve a pérola da noite. A escola toda pronta para entrar na avenida, o locutor (narrador?) explicando o enredo, os carros alegóricos, o número de componentes, essas coisas, quando me solta essa:

A escola homenageia Hans Christian Andersen que, se estivesse vivo, estaria completando 200 ANOS em 2005!

Me deu tanta raiva, que desliguei a televisão e fui dormir. Mas aí, fiquei pensando e fazendo umas continhas. Andersen, se estivesse vivo, estaria completando 200 anos. Tiradentes, se estivesse vivo, estaria completando 259 anos. Machado de Assis, se estivesse vivo, estaria completando 166 anos. Henry Ford, se estivesse vivo, estaria completando 142 anos. Santos Dumont, se estivesse vivo, estaria completando 162 anos. Pedro Álvares Cabral, se estivesse vivo, estaria completando 537 anos.

A pergunta é: quem é que vive tanto? É o tipo de informação que não presta para nada.

Virei para o lado e fui dormir.


PS1: Não posso deixar de registrar aqui que Carla Perez foi a comentarista (?) do Carnaval de Salvador.
PS2: Li numa revista que, para manter a forma antes dos desfiles de Carnaval, Adriane Galisteu chupa gelo para espantar a fome. Nunca a expressão ‘vai chupar gelo’ foi tão bem aplicada na história da humanidade
PS3: Assistindo à apuração dos votos, uma dúvida ficou na minha cabeça: qual é a diferença entre 9,8 e 9,9 na pontuação. É frescura de jurados, né não?
PS4: Ninguém merece aquela espuminha branca no carnaval. Aquilo é uma coisa muito preguenta e deveria ser proibida. E tenho dito!